Nesta sala de atividades enfatizamos uma
visão de educação centrada na pedagogia da escuta que é aquela que cria um
contexto de escuta que é igual a aprender, desenvolver e criar. É a escuta que
usa os cinco sentidos para colocar o centro da aprendizagem na criança como um
ato de respeito e amor. Há aquilo que se pode considerar de uma rede de
comunicação entre criança-criança, criança-professor, e entre professores e uma
intensa participação dos pais, onde todos entendem que as crianças quando falam
têm algo para dizer (comunicar) o que é diferente dos espaços onde as crianças
falam mas ninguém as ouve. Escutar as crianças significa observar, interpretar
e documentar as falas em relatórios, diários e projetos. Não fazemos do
“ensinar” uma transmissão de saberes, mas sim, preocupamo-nos em escutar o que
as crianças têm para dizer, e neste sentido “dizer”, não é o mesmo que “falar”.
“Dizer”, é expressar-se, é comunicar através de inúmeras linguagens num
ambiente educacional baseado na confiança para que se sintam motivadas para
desenvolver as suas múltiplas capacidades de se exprimirem e escutarem através
de todas as linguagens: expressivas, comunicativas e cognitivas.
Centramos assim o trabalho pedagógico em
projetos, onde nós, as crianças somos autoras e produtoras dos trabalhos e projetos
desenvolvidos, e participamos ativamente desde a seleção do tema a trabalhar à
análise dos seus conteúdos, já que os projetos dão voz ao currículo “emergente”
quando somos encorajados a tomar as nossas decisões e a fazer as nossas próprias escolhas Katz Lilian, (1999, cit . por Edwards, Gandinni, Forman,
1999), pois é um currículo flexível que se vai desenvolvendo, adaptando e modificando
de acordo com os projetos. A professora ao escutar-nos, está a permitir e a
encorajar o aprender, o criar, a elevar o “volume” das nossas vozes nas nossas criações, tendo como finalidade única a reconstrução da aprendizagem.
“ O projeto surge como sentido, com
cultura, e esse sentido é o de organizar o olhar, a escuta, as energias, os
sujeitos, e as ações para responder a desejos e aspirações que são sempre
necessidades de desenvolvimento inter e intrapessoais. Projetos que
comprometem, descobrem os obstáculos e procuram os meios de os vencer.” Peças,
A. (1999:59)
É isto que temos andado a fazer…às voltas
com alguns projetos individuais e de grupo, do qual salientamos o mais recente “Miró”.
Estamos a estruturar os nossos
conhecimentos, a fazer reflexões, a definir as etapas necessárias para realizar o
trabalho que consiste na regulação cooperada dos projetos realizados por nós e
que atravessa todo um processo de realização, que se organiza nestas cinco
fases:
Formulação: Diálogo em grupo no tempo de
acolhimento; identificação de um problema ou desejo e formulação de projetos.
Balanço diagnóstico, levantamento do que
temos e sabemos sobre o tema e do que queremos saber.
Divisão
e distribuição do trabalho: Quem faz o quê, quando, como e onde.
Realização do trabalho: Realizar o
trabalho, partilhar com todo o grupo o trabalho realizado; perguntas e opiniões
do grupo e lançamento de novas pistas.
Comunicação: Partilhar com todo o grupo
o trabalho realizado, questões e opiniões do grupo e lançamento de novas
pistas.
Encontramo-nos neste momento, entre a 3ª
e a 4ª fase…no quem faz o quê, quando, como, onde. “Mapeamos” o projeto,
pesquisamos e já executamos.
Alguns de nós andam mesmo a
realizar algumas das nossas primeiras escolhas. A (re)criação de pinturas de Miró.
Brevemente entraremos na fase da
partilha e da comunicação, tendo como base todo o processo que leva a um
produto final, ou seja, a aprendizagem. Aprendizagem vista deste prisma: “ A aprendizagem é um trabalho de grupo
realizado através de projetos comuns. A educação é considerada uma atividade
comum, uma partilha de cultura, que se processa através da discussão, da
exploração e experimentação em torno de temas, ou tópicos, que dão origem a
trabalhos de projeto e que são realizados em conjunto por crianças e adultos”.
(Lino, 2007, p.102)
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