Consideramos que os
primeiros anos da infância são cruciais para o desenvolvimento de “escritores
emergentes”.
De acordo com alguns
estudiosos que referimos na bibliografia, é
essencial que as crianças em idade pré-escolar estejam profundamente envolvidas
na escrita, já que se irão tornar mais tarde bem sucedidas quer na leitura quer
na escrita.
Sabemos que as crianças
usam seu conhecimento de símbolos e letras de adultos para construírem o seu
próprio conhecimento de como funciona a escrita.
Sabemos também que as
experiências quotidianas informais como por exemplo: fingir ler e escrever, ler
os rótulos em alimentos, e ver os seus próprios nomes escritos, são parte
crucial para o inicio da aprendizagem da leitura e escrita das crianças.
Ainda de acordo com
este autores, os Educadores de Infância devem possuir bases teóricas que
sustentem a sua prática pedagógica e lhe permitam reflectir sobre a mesma, de
forma a adequar a sua intervenção e consequentemente, contribuir para o
desenvolvimento dos seus alunos, neste caso concreto, no que concerne à
abordagem da leitura e da escrita, pelo que deverão promover desde muito cedo atividades
que promovam as habilidades de leitura e escrita, como por exemplo:
- a noticia de fim de
semana que é uma excelente forma de as crianças desenvolverem a coragem e a confiança como escritores;
- textos conjuntos, a
que chamamos de “escrita interativa”, pois ao criar-se o texto em conjunto, e
as crianças ao passá-lo para o papel, sendo orientadas pelo professor na forma
como vão escrever irão perceber melhor o sentido da escrita;
- delinear os projetos,
a lista de projetos, o diário de grupo, e outros, com a escrita das crianças;
- escrever as palavras
que são familiares ou conhecidas, e quando terminam a escrita, as crianças lêem
as palavras juntas, e desta forma praticam a fonética, a pontuação, a
ortografia, estabelecendo ligações entre a linguagem oral e a linguagem escrita;
- promover a escrita
livre de forma autónoma uma vez que permite que as crianças desenvolvam a
consciência fonológica e evoluam nas suas conceptualizações;
- compartilhar os seus “escritos”
com os pares, para que eles próprios (os criadores), se percebam a si mesmos
como autores.
No entanto, não devemos
esquecer que as atividades deverão significativas para as crianças, que partam
dos seus interesses, das suas dúvidas e dos seus questionamentos, pois desta
forma irão tornar-se desafiadoras e motivadoras.
Constatamos ainda que a
gestão do ambiente educativo (a organização das salas e dos materiais), são
excelentes indicadores da construção da aprendizagem da literacia
escrita, pelo que a presença de diferentes suportes de escrita na sala de
Jardim de Infância são deveras importante, porque:
- permite o contacto com os mesmos;
- podem ser utilizados nas actividades;
- contribuem para que as crianças entendam que
a linguagem escrita serve várias funções;
-
o conhecimento dessas funções promove o desenvolvimento da funcionalidade e
também dos aspectos figurativos e conceptuais na perspetiva da literacia
emergente da escrita e consequentemente da consciência linguística.
Assim consideramos essencial uma área da escrita,
ou outras áreas específicas na sala de atividades, onde as criança tenham contacto com o código escrito de uma forma
informal. Brincam com letras, copiam-nas, fazem tentativas de escrita, imitam a
escrita e a leitura, familiarizam-se com o código escrito, percebem que há uma
forma de comunicar diferente da linguagem oral, percebem as funções da escrita
Não se trata de uma introdução formal e
“clássica” à leitura e escrita, mas de facilitar a emergência da linguagem
escrita, como as próprias OCEPE ( 87) referem.
Ao criarem-se oportunidades para as crianças brincarem com os “suportes de escrita”, ou com os “objetos de literacia”, ao proporcionar-lhes situações lúdicas de literacia contextualizadas e que dêem sentido às sua realidade, estamos a deixar as crianças a “explorar e mostrar o que sabem sobre o porquê, quando, onde, o quê e como da literacia” (Mata, L.2010)
Podemos concluir que o jogar e brincar
com a escrita, permite não só que as crianças mostrem o que já sabem sobre a
funcionalidade da escrita, mas também proporciona o desenvolvimento das suas
competências como “escritor e leitor emergente”.
Bibliografia:
Alves Martins,
M., & Niza, I. (1998). Psicologia da Aprendizagem da Linguagem Escrita.
Lisboa: Universidade Aberta.
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Ferreiro, E., & Teberosky, A. (1984). Psicogénese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas.
Grave-Resendes, L., & Soares, J. (2002). Diferenciação Pedagógica. Lisboa: Universidade Aberta.
Katz, L., & Chard, S. (1997). A Abordagem de Projecto na Educação de Infância. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Manson, J. M., & Sinha, S. (2002). Literacia emergente nos primeiros anos da infância: aplicação de um modelo Vygotskiano da aprendizagem e desenvolvimento. In B. Spodek (Org.), Manual de Investigação em Educação de Infância. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Mata, L. (1995). Escrita em Interacção – Processos de construção em crianças de 5-6 anos. Tese de Dissertação de Mestrado em Psicologia Educacional. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Mata, L. (2010).Brincar com a escrita: um assunto sério. Cadernos da educação de infância nº 90 Agosto (Artigo)
Estevens, M. L. (2002). Aprendizagem da Linguagem Escrita em Contexto Pré-escolar. Tese de Dissertação de Mestrado em Psicologia Educacional. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia Aplicada.
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Introdução. In S. Niza (Ed.), Criar o Gosto pela Leitura – Formação de
Professores. Lisboa: Ministério da Educação. Departamento da Educação Básica.
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Silva, A. C. (1994). Uma perspectiva preventiva das dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita. Inovação, 7, 201-213.
Vygotsky, L. S. (1998). Pensamento e Linguagem. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda.
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Vygotsky, L. S. (1998). Pensamento e Linguagem. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda.
1 comentários:
Mais um belíssimo e importante post, obrigada!
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