Tal
como os restantes níveis de ensino, a educação pré-escolar tem sofrido mudanças
significativas a nível educativo. Conceitos como avaliação, e novas estratégias
de avaliação, fazem cada vez mais, parte do vocabulário dos educadores de
infância. Desta forma percebe-se que estes passaram a olhar com maior atenção
para o papel desempenhado pela avaliação na educação de infância. Esta mudança,
emerge essencialmente pela forma como se começou a entender a educação das
crianças mais pequenas, e olhar para o processo de avaliação como elemento
fulcral para a tomada de decisões e para a regulação e melhoramento das
práticas educativas.
O portefólio como estratégia de
avaliação alternativa na educação pré-escolar é cada vez mais utilizado como
instrumento de regulação e avaliação das aprendizagens das crianças em idade
pré-escolar. Mas a heterogeneidade de pensamento quanto à conceção do conceito
do mesmo, objetivos e finalidades e a aplicabilidade deste na prática, são evidências
empíricas que têm surgido no quotidiano do jardim-de-infância.
Para McAfee e Leong (1997, cit.Parente,
2004, p.52), o “Portfolio é uma compilação organizada e intencional de
evidências que documentam o desenvolvimento e a aprendizagem de uma criança
realizada ao longo do tempo”. Neste sentido, é considerado um instrumento de
avaliação alternativa em educação de infância, tal como é preconizada na
circular nº4/DGIDC/DSDC/2011. Entende a
avaliação como parte integral do processo de ensino-aprendizagem e é uma estratégia colaborativa, já que todos os
intervenientes da ação educativa interagem e colaboram neste processo
(crianças, educadores, pais), sendo também considerado como uma resposta
educacional “ao desafio de aperfeiçoamento de procedimentos de avaliação
alternativa e/ou autêntica (…)” (Parente, 2004, p.52), pois ao avaliar as
aprendizagens e desenvolvimento das crianças, está-se a ter em conta aquilo que
elas aprendem e como constroem os conhecimentos, inserindo-se este numa perspetiva
sócio construtivista alternativa.
O portefólio é mais que mero dossier dos
melhores trabalhos das crianças realizados num determinado período de tempo. É
antes, um conjunto de produções devidamente organizadas e intencionais, das
evidências das aprendizagens das crianças, que ao mesmo tempo, documentam e
demonstram os processos e produtos das competências desenvolvidas. A
organização do portefólio exige uma articulação sistemática entre o
desenvolvimento do currículo, a aprendizagem e a avaliação e desta forma “Abrir
um portefólio bem feito é como abrir uma arca de tesouro” (Shores e Grace, 2001,
cit. Parente, 2004, p.52).
Os portefólios deverão incluir amostras
de trabalhos, registos de observação da criança, amostra de competências de
resolução de problemas, entre outros, categorizadas, datadas e colocadas por
sequência temporal, para que se tenha sempre informação precisa dos processos
de aquisição de conhecimentos e dificuldades da criança, e não sejam
segmentadas as áreas de conteúdo.
O educador deve utilizar vários
instrumentos de registos de observações sistemáticas e seleções de evidências
que documentam os progressos das aprendizagens das crianças, como por exemplo,
fotografias, gravações áudio e vídeo, relatos narrativos, notas de observação
feitas pelos educadores, comentários das crianças acerca dos seus trabalhos e
comentários dos educadores, e outros.
A forma como se selecionam as evidências
permitem às crianças e aos educadores aprender mais sobre o processo de
aprendizagem. Ao implicar as crianças na escolha e reflexão de evidências para
colocar no portefólio (Grubb e Courtney, 1996, cit. Parente, 2004), está a
dar-se um sentido de valor acrescido à participação da criança na sua
aprendizagem, e a encorajar a autoanálise quando refletem sobre o que foi feito.
As crianças são convidadas selecionar os
trabalhos que querem que constem no portefólio, refletir sobre eles, para que
possam compreender o seu próprio percurso de aprendizagem. O educador é um
mediador, monitorizando este processo de seleção de forma partilhada com as
crianças.
Esta seleção é feita ao longo do ano, nesta sala,sempre
que possível, num grupo que é constituído por 25 crianças, onde os recursos
humanos escasseiam para fazer a documentação, como desejaríamos. Mas lá vamos
conseguindo.
Mostramos aqui um bocadinho dessa
seleção de trabalhos feitos recentemente pelos Triquiteiros e imagens da
conversa/reflexão sobre a escolha dos mesmos com a professora.
À medida de cada um, dentro da sua faixa etária, todos foram grandes, pois as suas escolhas revelam uma autoconsciência dos seus progressos, e da construção dos seus conhecimentos.
À medida de cada um, dentro da sua faixa etária, todos foram grandes, pois as suas escolhas revelam uma autoconsciência dos seus progressos, e da construção dos seus conhecimentos.
No início do ano decidimos qual a
localização do portefólio na sala, que é de acessibilidade fácil. As crianças
escolheram o formato do portefólio e decoraram a seu gosto, e sentem prazer em
folheá-lo, em refletir sobre os seus trabalhos.
Nesta perspetiva, utilizar o portefólio como uma estratégia de avaliação autêntica, colaborativa e contextualizada, realizada ao longo do tempo que a criança permanece no Jardim-de-infância, permite “celebrar e documentar o que a criança faz e pode fazer” (Batzle, 1992, cit. Parente, 2004, p.53) e “ajuda as crianças a moverem-se do eu não sei fazer/e não sou capaz para o eu sei fazer/eu sou capaz” (Collins, 1998, cit. Parente, 2004, p.53), permitindo diálogos criança adulto e adulto criança.
Nesta perspetiva, utilizar o portefólio como uma estratégia de avaliação autêntica, colaborativa e contextualizada, realizada ao longo do tempo que a criança permanece no Jardim-de-infância, permite “celebrar e documentar o que a criança faz e pode fazer” (Batzle, 1992, cit. Parente, 2004, p.53) e “ajuda as crianças a moverem-se do eu não sei fazer/e não sou capaz para o eu sei fazer/eu sou capaz” (Collins, 1998, cit. Parente, 2004, p.53), permitindo diálogos criança adulto e adulto criança.
Acredito que o portefólio numa prática
de avaliação alternativa autêntica é um ótimo recurso para a compreensão da
aprendizagem na educação pré-escolar. Avalia os progressos, e as dificuldades
das crianças, através de um conjunto diversificado de procedimentos, que não
podem ser verificados através de outras formas de avaliação.
1 comentários:
É nisto mesmo que eu acredito e é isto mesmo que, há vários anos, procuro praticar. Excelente, parabéns!
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