Triquicibernautas

04/06/2015

Amanhã iremos regressar ao Alto-Império Romano, ano 82 d.C., na civitas “Oculis Calidarum” (Caldas de Vizela), local onde o Imperador César Domiciano Augusto mandou edificar um complexo de banhos públicos em honra do Deus “Bormanicus “, cujo poder da cura se manifesta através das águas quentes que aqui brotam.
O ano passado foi assim, grandioso, e de certeza que este ano ainda vai ser mais!

 Durante algumas semanas, andamos às voltas com a “Vizela Romana”, em jeito de contextualização do evento do desfile romano, que amanhã se realiza, e do qual faremos parte, visitamos vários locais romanos, como aqui demos conta Na Rota da Avicellalembramos (de muitas formas), a “Avicella a Princesa Mais Bela”, e preparamos as nossas vestes e adornos. É desses adornos que agora vos falamos (as vestes vêem amanhã).
Em grande grupo decidimos que iríamos confecionar pulseiras e fios. E foi o que fizemos. Trabalhamos com pasta de papel, com cones de linhas, com cápsulas de café…





Houve até quem fizesse vários “exercícios matemáticos” de forma espontânea.


Hoje terminamos estes adornos. Ora vejam…

E experimentamos…Estávamos ansiosas! Amanhã, mostramos o resto! 



 Agora e em jeito de “curiosidades” deixamos aqui um pouco da história de Vizela Romana, para melhor perceberem o evento de fim de semana.
“A cidade de Vizela foi uma das áreas habitadas pelos romanos, os quais provocaram transformações profundas na zona, as quais até hoje são visíveis.
Segundo as investigações arqueológicas, levadas a cabo pelo Professor Dr. Francisco Queiroga, em Vizela, existiu um importante povoado que, por ventura, poderia ter sido um grande núcleo urbano.
São muitos os vestígios romanos existentes em Vizela, presume-se que por “Oculis Calidarium”, atualmente Vizela, passava uma via romana que ligava Braga a Amarante. Esta via atravessava o rio Vizela, como tal, teria de haver uma ponte. Pensa-se que essa ponte é a que denominamos de “Ponte Romana” ou “Ponte Velha”.
Em 1787, aquando da construção da “bica da água quente”, foi encontrado um banho soterrado com dezasseis nascentes de água e oito banhos, zonas interligadas e quatro nascentes com diferentes graus de temperatura. No século XX, foram ainda feitas escavações na Praça da República que comprovaram a existência de um balneário termal imponente. Tendo sido encontrados um praefurnium, o caldarium, mosaicos e uma complexa rede de condutas e esgotos. Estes novos achados permitiram concluir que aquela praça teria sido o centro da antiga Oculis, cidade romana referenciada por Jorge Alarcão em «Portugal Romano». Tendo em conta a importância que os romanos atribuíam aos banhos termais, pois para estes tratava-se, mais de que acto de higiene ou medicinal, de um ato social, e aos vestígios arqueológicos encontrados, podemos concluir que, em Vizela, existiu um importante complexo termal.
Fala-se que, no séc. XVIII, apareceu uma inscrição que dedicava as termas de Vizela a Tito Flávio Archelaus Claudianus, que era representante do Imperador e governador da Lusitânia. Este facto leva a concluir que o início da construção das termas se terá dado nas últimas décadas do séc. I d.C., durante o reinado do Imperador Domiciano.
Ao longo dos tempos, foram encontradas perto de Vizela lápides alusivas aos Deuses adorados pelos romanos, nomeadamente ao Deus Sol, à Deusa Lua, ao Deus Mercúrio e a Esculápio. Estas lápides permitiram perceber que o povo romano de Vizela adorava os mesmos Deuses do Império Romano, mas com predominância para os Deuses ligados à saúde à água, como Esculápio e Júpiter. O primeiro nome da cidade de Vizela teria sido Oculis, que quer dizer olhos de água. Num documento datado de 607, referente ao Concílio de Lugo, durante o reinado de Teodomiro rei dos Suevos, aparece a denominação de Oculis e “(…)segundo opinião do Padre Avelino de Jesus Costa, Professor de Paleografia e Epigrafia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Oculis corresponde a Oculis Calidarum (olhos de água quente), atual Caldas de Vizela. Também em 1014 e 1025, o rei de Leão, D. Afonso V, esteve em Oculis Calidarum, onde assinou doações, que terminavam com a expressão in ecesiae Sancti Michaelis in Oculis Calidarum, ou seja, na igreja de S. Miguel das caldas, em linguagem corrente.”

Bibliografia
- Oliveira Marques, António- Breve História de Portugal, 6ª edição. Lisboa: Editorial Presença,2006.ISBN 972-23-1887-x -
-Vizela Romana- Enquadramento histórico [ site]. Vizela: AARM, 2013. [ Consult. 6 janeiro 2014]. 

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