Todos nós, crianças, somos seres ativos,
comunicativos, com capacidades para refletir, investigar, experimentar. O
Gabriel não foge à regra!
Ontem quando visitamos o espaço do Paço de Gominhães, além de tudo o que já
viram aqui,Terapia Verde houve
momentos bastante enriquecedores, e este que vos trazemos agora, foi deveras
interessante para todos. O Gabriel encontrou um fio/corda no chão e logo disse:
- "Vou fazer uma
armadilha!"
Quem estava próximo dele,
parou e olhou…O Gabriel, pegou em dois paus, e começou o seu projeto. Elabora
um processo complexo (que para nós adultos é fácil), e é notória a concentração
e o rigor que coloca na sua tarefa.
Ata o fio/corda aos
paus, com bastante perícia…
Estica…Ajeita de um
lado e do outro, implica os amigos nesta descoberta, e projeta a sua “Armadilha”,
exatamente de acordo com o que planeou mentalmente.
O desenvolvimento
cognitivo entre pares é favorecido. Juntos fazem um exercício intelectual,
organizam-se mentalmente, procuram respostas para colocar a “Armadilha” no
sitio certo…E é claro que o Gabriel ainda quer colocar o (X) feito de paus, a
indicar o caminho correto. Quem caminha por trilhos florestais, sabe que este é o sinal
indicado de caminho a continuar. O Gabriel também o sabe, ou não fosse filho de
pai escuteiro (mais uma aprendizagem feita para a maioria de nós).
- "Aqui ou ali?" (Eduardo)
- "Fica aqui, perto da armadilha, para todos saberem qual é o caminho certo da armadilha, senão eles não vêm." (Gabriel)
Percebemos que há motivação
e interesse crescente por parte do grupo, com o descobrir, agir, do Gabriel.
Prepara-se em conjunto,
a outra parte da “Armadilha”…É preciso preparar a “cama” para a queda!
E nesta jornada de
aprendizagem construída pelo Gabriel, e por todos, pode-se afirmar que se elevou os nossos
saberes e competências, e que se desenvolveu a autonomia e cooperação entre pares!
“Armadilha” pronta…
É altura de
experimentar…”E é muito bom tropeçar na
armadilha, e cair na cama fofinha de folhas.” (Isabel)
E enquanto brincamos no campo, a “Armadilha”
ficou lá.
Parece que nesse entretanto “Veio
um cão, tropeçou na armadilha e fugiu depressa, para nós não o vermos.”
Gabriel (Tanta criatividade).
- “É
preciso colocar outra vez no sítio certo.” (Eduardo)
E assim se traduziu esta investigação/ação. A
descoberta de algo novo, que permitiu também a aquisição de novas competências.
E qual o papel da nossa professora, nesta situação?
Vamos dar-lhe a palavra:
- Fui mediadora dos interesses do Gabriel e do
restante grupo;
- Acompanhei; Observei; Escutei e
documentei as aprendizagens, no sentido de tornar respeitável o “trabalho” realizado
pelo Gabriel e pelo grupo, e faço minhas as palavras de Malaguzzi, 1997, cit em
Hoyuelos, 2006, p. 200 – “Certamente as
imagens descrevem os factos e as situações, mas nós aconselharíamos também a
prestar atenção às caras, aos olhos, à boca, aos gestos, à postura e aos sinais
apenas esboçados pelas crianças que são as grandes «espias» dos sentimentos e
das tensões que os motivam interiormente, e que classificam – de modo mais
natural – os seus níveis de participação, de esforço, de prazer, de desejo e de
espera emergentes nas experiências do acto de aprender.”
E concluo:
As crianças são do hoje, são do agora e são,
fundamentalmente, do amanhã. E só faz sentido “educar” numa escola que seja também
ela uma escola do hoje, do agora, do amanhã. Não uma escola do passado, uma
escola vazia de referências ao mundo atual, uma escola seca de vida e de referências ao
mundo deles “lá fora”, o mundo em que vivem. E tão importante dar valor
educativo a Mozart, como ao Castelo de D.Afonso Henriques, falar do Espaço, de Picasso ou de Pessoa,
ou de se perceber como se constrói uma “Armadilha”. Ser educador/professor é, sobretudo, estar atento ao mundo!
1 comentários:
Sempre a andar. Muito bom. Parabéns ao Gabriel e aos companheiros... Ah! Já agora, também para a triquiteira mor..
Enviar um comentário