Triquicibernautas

03/10/2013

As crianças em idade pré-escolar são extremamente curiosas e têm uma enorme vontade de descobrir, de dar sentido ao que os rodeia. Muitos fenómenos naturais são motivo de deslumbramento, de medos, etc. 
Hoje o dia começou assim...
-Ontem, à noite as nuvens estavam gordas e beberam muita água - Mimi
- Bateram umas nas outras porque beberam muita água e trovou muito, e eu tive medo da trovoada, e abracei-me à avó Belém, e a avó acendeu uma vela. - Gabriel
- A luz faltou, e o meu pai foi buscar a lanterna ao carro. - Nuno Rodrigo
- O meu pai também acendeu a lanterna - Maria
- Dormi com a minha "Nana", assustada com a trovoada. - Isabel
- Eu estava a tomar banho, quando veio a trovoada, e o meu pai tirou-me do banho. Estava escuro. - Helena
- Na minha casa, a avó acendeu duas velas...não tive medo! - Henrique
- Eu não tive medo. Fui para a janela, com a minha mãe, ver os relâmpagos. - Inês
-Eu também não tenho medo. É como a "bruxa do penedo da rosca". Não tenho medo dela, ela até foi simpática com a Margarida. - Rodrigo Caeiro
- Os relâmpagos são pretos! - Nuno Rodrigo
- Não são nada, são brancos! - Rodrigo Caeiro.
- São azuis! - Lara Filipe
- Eu vi na janela do meu balé, que os relâmpagos são brancos! - Gabriela
- A trovoada é muito assustadora - Ana
Todas estas observações, desencadearam situações para tentar dar resposta, como os medos, e  uma questão muito importante. Como se forma a trovoada, e de que cor são os relâmpagos? 
Lembro-me de quando era pequena, como os meus Triquiteiros, em dias de tempestade, abraçar-me ao cobertor, enquanto ouvia o barulho da trovoada, e morria de medo de os relâmpagos poderem derrubar a casa onde vivia.
Num dia de trovoada, o meu pai levou-me à janela e explicou-me como os raios acontecem, e porque a trovoada, tem aquele som tão estridente. Na altura o medo não desapareceu completamente, mas a explicação desmistificou as questões que me assombravam.
Hoje não tínhamos trovoada, não podia levar à janela os pequenos seres que habitam esta sala, mas  tentei juntamente com eles procurar respostas. Começamos, por "buscar" num dos livros da biblioteca da área das ciências, alguma resposta para a questão "De onde vem, como se forma o raio e o trovão".
O livro, falava de uma forma um pouco elaborada para nós - "O relâmpago é a luz libertada quando uma nuvem descarrega a sua eletricidade ... Este fenómeno produz calor, que provoca a rápida expansão do ar. O trovão é o som provocado por esse deslocamento do ar." Será que percebemos bem? Não...foi a resposta.
Vamos tentar outra explicação. Vai daí recorremos à internet, e visualizamos este vídeo.


Esta explicação, já nos satisfez mais. Aliás, deixou o Rodrigo Caeiro mais descansado, porque como existe para raios " A minha casa assim já não cai". O problema são as árvores, que ficam cortadas a meio, pelos raios dos relâmpagos" - João Pedro
Conclusão: Temos que fugir das florestas quando trovejar.
Mas, para melhor compreensão da questão "De onde vem o raio e o Trovão", e até do "medo da trovoada" decidimos fazer uma experiência.
De tarde, criamos um  espaço escuro, a fazer lembrar a noite...
e tentamos  fazer um relâmpago utilizando uma folha de plástico, (colocada em cima de uma mesa, com fita cola à volta)  uma tigela, uma luva e um garfo. Esta experiência resulta melhor num espaço escuro.
Esfregamos a tigela no plástico, o que forma uma carga estática, tal como acontece numa nuvem de tempestade. 
Assim ao aproximar um objeto com a carga oposta (o garfo), imediatamente vai descarregar , criando um mini relâmpago. Quanto ao som do trovão, ele foi feito com a própria tigela, bem fricionada.
Este caso de observação, e escuta das vozes das crianças, desencadeou um projeto, na qual estão a ser realizadas de forma integrada, atividades que conduzirão a aprendizagens com incidência privilegiada na área do conhecimento do mundo, e na área da Expressão e Comunicação, até porque, se já entenderam como se forma o raio e o trovão, muitas outras questões foram levantadas. Por outro lado, ainda não chegaram à conclusão, sobre qual a cor do raio.
Quanto aos medos da trovoada, toda esta aprendizagem, levou a que algumas das crianças, dissessem : "Já vou dizer à minha avó, que a trovoada, não é Jesus a ralhar"; Já não vou precisar de me agarrar à minha (Nana) ", e "até foi fixe fazermos trovoada".
Em jeito de conclusão, os medos, quando estão de acordo com a idade, e segundo alguns pedopsiquiatras  protegem as crianças do perigo. São uma espécie de anjo da guarda, e as crianças aprendem a ultrapassá-los, o que faz parte do crescimento.
É a enfrentar os pequenos medos que certamente haverá menos dificuldades em enfrentar os grandes. Como diz Rubem Alves " Não haverá borboletas, se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses."

3 comentários:

M. Jesus Sousa (Juca) disse...

Muitos parabéns pelo vosso riquíssimo dia. É disto que eu gosto... é disto que as crianças precisam! De levantar perguntas, de serem ouvidas, de procurarem respostas, levantarem hipóteses, soluções, compararem, discutirem e chegarem a conclusões.
É disto que é feita a educação pré-escolar de qualidade, pelo menos é nisso que eu acredito!

Beijinhos a todos e continuem a triquitar assim...

Helder Magalhães disse...

Quando a aprendizagem assim é feita, o que dizer, senão ficar enternecido? Continuai a caminhar, Triquiteiros, sem medo :)

Abraço-vos

Unknown disse...

Oi vc consegue me enviar as atividades que usou para seu projeto do trovão..tambem comecei hoje a trabalhar sobre o trovao com meu alunos e achei muito interessante sua experiencia

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