Triquicibernautas

09/10/2013

Há dias que fico completamente (e)namorada...o (en)cantamento preenche-me o coração! 
Hoje, logo pela manhã, ao redor da mesa grande a Inês, mostra-nos o que "apanhou", ontem à tarde quando foi ao parque com a mãe e a avó. E o que ela trazia consigo, eram quatro bolotas, para juntar ao outono que estamos a construir na sala.


Aquilo, que poderia ter ficado apenas pela conversa sobre cores, número e formato das bolotas, acabou por se transformar em algo muito diferente. É claro que contamos as bolotas, é verdade que vimos que tinham cores diferentes, mas o que nos chamou mais à atenção, foi o facto de as duas bolotas verdes terem carapuça, e as duas bolotas castanhas não terem carapuça. Aí o Rodrigo Caeiro, passou a explicar:
-A semana passada quando esteve maus tempo, quando trovejou, as bolotas que têm carapuça, ficaram dentro de casa cheias de medo e não se molharam, as outras duas, as castanhas foram dar um passeio, não tiveram medo, mas ficaram sem carapuça, molharam-se, e uma até ficou ferida...tem um buraquinho."
A conversa sobre "medos regressa à sala. E os medos que começamos a enumerar, passam-se quase sempre nos sonhos:
- Eu tenho medo de lobos, cobras...sonho com isso. (João)
- Eu sonho muito com monstros. (Lara Maria)
- Eu não gosto de sonhar com os vampiros. (Rodrigo Caeiro)
- Eu não gosto de sonhar com pessoas que me fazem cócegas...não gosto! É um sonho mau. (Margarida)
- Eu sonho com cobras, e tenho medo...mas no meu quarto tem uma ventoinha que se liga, assusta as cobras. e elas vão-se embora, mas eu fico a tremer!  (Maria Miguel)
- Eu também tenho medo de lagartas, cobras e minhocas. Também fico com o corpo a tremer como a Maria Miguel, mas depois, acho que foi apenas um sonho mau! (Gabriel)
- Eu não gosto de sonhar com fantasmas, mas quando estou a dormir, vejo a lua, ela diz-me "boa noite", e isso faz-me dormir sem medo,mas a minha irmã tem medo do vento, e abraça-se a mim...digo-lhe para ela olhar também para a lua. (Gabriela)
- Na minha casa, os monstros não entram, porque a porta está fechada. O meu pai afugentou os monstros...é um super-herói. (Isabel)
- O que é afugentar? (Rodrigo Caeiro)
- É mandar os monstros para casa deles.(Isabel)
- Eu disse que tenho medo de lobos, mas já não tenho tanto, porque fui com a minha mãe à Avicella, e ouvi a história do "Lobo Mau Xau-Xau", e todos os animais tinham medo dele, mas afinal ele era bom,e agora eu também acho que os lobos já não são assim tão maus. (João Pedro)
- O que diz a história? Podemos ouvir professora? (Rodrigo Caeiro)
Não tínhamos esta história, mas poderíamos arranjá-la. Seria uma boa forma de ajudar os Triquiteiros, a afastar os medos, que fantasiam em grandes dimensões, confundindo o real e o imaginário.
Pensamos que se deve aprender a lidar com os medos e expressá-los com serenidade, pois para as crianças mais pequenas, a sensação de medo é real. Através de uma história, do manusear um fantoche com a forma do seu "medo", e de outros elementos do mundo simbólico, as crianças são capazes de vivenciar e consciencializar-se dos medos, compreendê-los e assim transformá-los.
A história "Lobo Mau Xau-Xau", acaba por surgir ao inicio da tarde, pelas mãos e boca da mãe da Maria Miguel.
A Maria Miguel tinha insistido com a professora, de que "A minha mãe tem esse livro, na biblioteca dela, e vem aqui contar...ela sabe contar muitas histórias." A mãe Márcia lá veio contar a história e ajudar-nos nesta questão dos medos. E começou com a sua lenga lenga: "Perlim,pim, pim...Perlim, pim, pão...que apareça um livrão". 
 O livrão apareceu e começamos por saber quem foi o escritor e o ilustrador.
A história começou. Que atentos, e felizes estivemos!


Esta história, como nos disse o João Pedro de manhã, o lobo luta por fazer amizades que teimam em não florir. O lobo tem muita má fama, e a tarefa de fazer amigos, torna-se complicada. Nem as ovelhas, nem os cães, nem os porcos querem saber deste lobo, do qual têm tanto medo. Mas como a esperança é a última a morrer, ao encontrar o capuchinho vermelho na floresta a chorar, decide ajudá-la a procurar a avó que tinha desaparecido. O que acontece no final da história, é que "O nosso lobo mau Xau-Xau; afinal não é tão mau. Ele é mesmo um lobo bom, e passa a chamar-se Pom-Pom"
A história tem assim o condão de desmistificar a sensação de medo, e valorizar a confiança e a amizade. A mãe Márcia, afirma ainda, que os lobos maus,  monstros, fantasmas, vampiros e outras personagens que tais, apenas existem nas histórias e nos filmes, ao que o Rodrigo Caeiro, remata a questão dizendo "Já falamos sobre isso hoje de manhã, com a professora!"
Esperamos que desta forma, tenhamos conseguido superar um pouco mais os nossos temores, que fazem parte do nosso crescimento. (Obrigada mãe Márcia, pela rápida disponibilidade). 
Como referimos há alguns dias atrás, aqui http://jisjoaosalaa.blogspot.pt/2013/10/o-raio-e-branco-ou-preto-e-de-onde-vem.html, é a enfrentar os pequenos medos, que certamente haverá menos dificuldades em enfrentar os grandes.
Até já temos alguns "Lobos Xau-Xau, que agora são Lobos Pom-Pom"

 produções estas, feitas à semelhança do que está no livro.
Este dia faz-me lembrar de um pensamento de Alberto Caeiro : " O essencial é saber ver, saber ver sem estar a pensar, saber ver quando se vê, e nem pensar quando se vê" porque isso exige uma aprendizagem de desaprender, porque a questão não é ensinar as crianças, a questão é aprender delas e com elas.
Amanhã continuamos!!!

4 comentários:

Helder Magalhães disse...

É um privilégio poder também eu encantar-me nestas aprendizagens com os Triquiteiros. Obrigado!

Carlos Coelho disse...

Concordo plenamente com o Helder Magalhães. Boas aprendizagens!

Unknown disse...

Gostei da historia, tenho pena de o Rodrigo portas não ter estado presente, vou contar-lhe a historia em casa para ficar actualizado.
SANDRO PORTAS

Romy disse...

Olá pai Sandro Portas. Pode contar a história ao Rodrigo em casa. Acho que faz muito bem. Mas não se preocupe, quanto à atualização. Quando ele regressar, tomará conhecimento de tudo o que se passa na sala. A história está a ser trabalhada de várias formas, e os grupos de trabalho explicarão aos colegas que estão a faltar, tudo o que têm feito.
As melhoras para o "Portinhas", Bjs
Rosa Maria

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